Escrevo este texto hoje, sábado o dia em que regressei das minhas férias. Sinto-me muito contente por estar de volta e regressar ao meu trabalho e responsabilidades, mas também por ter tido esta oportunidade de viajar, de conhecer mais e melhor Moçambique e os moçambicanos.
Fizemos a viagem de Maputo a Cabo Delgado por terra. Parámos em Inhambane, Beira, Nampula, Carapira e Pemba. Um total de 2578 km de histórias, rostos, aromas, olhares, gestos, sabores, sentimentos, descobertas, sonhos, encontros…
Como viajamos de “chapa” e “machibombo”, os meios de transporte do “povo”, éramos sempre as únicas “mulungas ou mucunhas” a bordo. Pelo que, não passávamos nunca despercebidas. Os nossos companheiros de viagem foram sempre muito simpáticos connosco, ficavam sempre curiosos a nosso respeito, faziam algumas perguntas, mas pouco a pouco começavam a tratar-nos com naturalidade e acabavam por ser sempre por nos ajudar dando-nos dicas sobre transportes, horários e essas coisas… cada troço desta viagem tem assim, algum rosto especial, ou pela simpatia, ou pela empatia, ou pela simples partilha de momentos…
Moçambique é um país muito grande e, como não podia deixar de ser, grande é também a sua variedade cultural, paisagística e humana.
À medida que se avança do sul para o norte as diferenças vão-se acentuando. Até as construções das casas são diferentes consoante a província onde se está, por exemplo em Sofala e na Zambézia as casas são redondas. A forma de vestir e agir das pessoas é também diferente, as mulheres do norte são muito mais vaidosas e cuidadosas com o seu aspecto exterior (usam e abusam de piercings, tatuagens… são submetidas a ritos de iniciação durante a adolescência)! No norte há também muito mais muçulmanos o que influencia também a forma de agir, vestir e até a arquitectura das próprias cidades.
A nível de paisagens…há uma variedade infinita!
Vi praias desertas, rodeadas de verdes coqueiros. Vi praias de areia branca e águas límpidas transparentes. Vi extensões e extensões de terra coberta de coqueiros. Vi planícies enormes, cheias de mato seco, porque não chove há vários meses…vi montanhas e rios…vi baías lindíssimas (a de Pemba é espectacular, é 3ª maior baía do mundo)... vi baleias e flamingos! Andei de bicicleta na Zambézia, atravessei o Rio no batelão…
Mas o que gostei mais foi de conhecer outras missões, outras formas de agir, outras realidades.
Fui de certa forma peregrina e fui “batendo” de porta em porta. Parei em diferentes locais e em nenhum tive que dormir em hotel ou pensão.
A hospitalidade com que fomos acolhidas em todos os locais foi marcante, acho que pela primeira vez senti que realmente se pode aplicar o termo família quando se fala em comunidades religiosas e em Igreja Católica.
Nas diferentes cidades que mencionei, ficamos com diferentes comunidades de missionários, com diferentes estilos e carismas, mas cada qual com a sua forma particular de ser e estar na realidade em que é chamado a intervir!
Em Nampula descobri que a Juventude Hospitaleira é ainda um passado muito presente! Vi alguns meninos do Chacrimo e ouvi falar com tanta emoção do nome de tantos JH’s que por lá passaram… foi emocionante e bonito sentir o carinho que JH ainda desperta nesta cidade!
Gostei muito de reencontrar a minha amiga Sandra, leiga comboniana, que está muito feliz, numa missão muito bonita, presenteada todas as noites por um céu magnífico, em Carapira, na província de Nampula.
Gostei muito de conversar com as pessoas que fui encontrando pelo caminho, sobre a cultura, a história, a sociedade, a realidade do povo moçambicano…
Houve um Senhor que nos disse:”Em viagem aprende-se muita coisa…”! É uma grande verdade! A partilha de experiências, opiniões e conhecimentos é uma grande riqueza e é assim que me sinto no final de quase 15 dias em viagem: mais rica! E cheia de vontade de não perder essa riqueza, mas sim de a pôr a render nas minhas acções, na minha vida, no meu dia a dia!
Como dizia no início, estou também muito feliz por regressar à minha missão, porque é esta a razão de eu estar aqui em Moçambique e é para ela que eu quero viver e dar o meu melhor a cada dia!
Já tinha saudades das minhas crianças!
Agora estou também na expectativa de mais uma mudança, como atingimos o “meio” do nosso tempo de acção, é também tempo de balanço e de trocar de centro, irei agora trabalhar no Centro de Adultos e a Cristina no Centro Infantil, as exigências e necessidades serão agora outras, e é a essas que eu quero responder com alegria e dedicação!
Wednesday, September 19, 2007
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3 comments:
Com paisagens tão bonitas, não nos importávamos nada de estar aí contigo, não era por tua causa, era só pelo país... ;)
e esta hein?
Beijinhos de quem te adora.
Dani e mãe
Olá Marisa, passei pelo teu blog a deixar um grande abraço.Ainda bem que te sentes realizada, pois isso é muito importante. Eu continuo por aqui na minha investigação e agora vou tirar o Mestrado (vou passar a vida inteira a estudar:)).
Miguel Gonçalves
PS:Se as paisagens forem a metade de bonitas do que tu dizes, ainda vou passar aí a minha lua de mel...
Olá Miguel! Obrigada pelo abraço!Acredita que as paisagens sao muito mais bonitas ao vivo do quem qualquer descrição ou foto!
Beijinho grande! Boa sorte pro mestrado!
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