Um dia conheci uma Menina.
Perguntei-lhe quem era…
Quem sou? Essa pergunta tem muitas respostas…
Sim? Conta lá então…quem és?
Hoje, sou esta menina que vês com teus olhos. Gosto de brincar, correr, estudar, comer…enfim…acho que gosto de tudo o que todos os meninos gostam…
Oh! Afinal a resposta era bem fácil…!
Eu ainda não acabei…
Desculpa, continua por favor!
Ontem, vivi numa pequena casa de caniço, vivia eu e os meus irmãos. Éramos muitos. Só um pai e duas mães. Aquela que era mesmo minha mãe, tinha mais 6 filhos mesmo dela, uma deficiente, a outra, que é mãe dos outros meus irmãos tinha 7 filhos e estava grávida, e também ela tinha uma filha deficiente. Como éramos tantos numa só casa de apenas 2 quartos e 1 cama, havia vezes em que eu e o meu mano íamos dormir em casa da minha tia…Porque estás com essa cara tão espantada? Pensas que eu era infeliz? Como poderia, com tantos vizinhos? éramos tantas crianças, brincávamos até tarde na areia, fazíamos papagaios com sacos de plástico e campeonatos de tudo e de nada…
E então, o que aconteceu?
Um dia de muito calor, brincava na rua com os meus amigos, começamos a ouvir uns aviões que faziam barulhos estranhos…De repente, toda a gente à nossa volta corria! Ainda nos começamos a rir: Parecia que de um momento para o outro todos tinham medo dos aviões… Ficou tudo muito confuso, as pessoas gritavam, corriam, eu não percebia nada… Depois, deixei de ver os meus amigos e já nem sabia onde estava. Só me lembro de alguém me dar a mão e gritar para eu correr! Tentei perguntar porquê, mais tarde pareceu-me que um avião caía perto de mim…fiquei com medo e fugi…fugi muito…ainda mais que todos os outros…
Desde esse dia ficaste perdida…
Ya! Devo ter desmaiado, alguém me levou para o hospital… passei lá uns bons dias… ninguém apareceu para me buscar… costumava aparecer por lá um papá mulungo muito simpático, vinha visitar outras crianças, que falava e brincava muito comigo…Lá no hospital perceberam que ele gostava de mim e mandaram-no levar-me! Fui até casa dele, lá viviam muitas pessoas, algumas já grandes…éramos cerca de 100! O papá mulungo era muito amigo de todos! Mas as titias… não faziam nada do que ele pedia… Lá viviam pessoas muito especiais…meninos sem mamã, sem papá, meninos doentes, mamãs doentes, vovós abandonadas e muito magrinhas… Já te contei que tinha duas manas deficientes? Nesta casa, viviam tantas crianças deficientes e tão mal cuidadas! Passavam os dias ao sol, com moscas na boca, sem ninguém para lhes mudar a fralda! Eu ficava tão triste! Decidi que tinha que fugir dali…Tinha pena de deixar o papá que era tão meu amigo…mas se eu ficasse ali morria de tristeza!
Fugiste?
Mais ou menos… o papá um dia veio ter comigo, tinha uns olhos muito tristes…disse-me que gostava muito de mim… mas que eu não podia ficar mais ali com ele…Vi-o tão triste, que nem consegui mostrar-lhe o quanto essa notícia aliviava o meu coração… mas ele deve ter percebido que eu gostara da notícia e sorriu… vai se bom para ti… disse-me sorrindo!
E pronto, despedimo-nos com um abraço muito apertado… acho que nunca ninguém me abraçara assim, aquele momento, aquele abraço ainda permanece comigo… sempre que estou aborrecida com alguma coisa, é nele que penso… e fico melhor!
Posso dizer que esse papá é o teu Anjo da Guarda?
Não sei o que isso será, mas parece-me simpático, sim, podes dizer…
Olha lá, já agora, posso saber o teu nome?
Não tenho um que seja meu… Sou… uma Menina Moçambicana!
Perguntei-lhe quem era…
Quem sou? Essa pergunta tem muitas respostas…
Sim? Conta lá então…quem és?
Hoje, sou esta menina que vês com teus olhos. Gosto de brincar, correr, estudar, comer…enfim…acho que gosto de tudo o que todos os meninos gostam…
Oh! Afinal a resposta era bem fácil…!
Eu ainda não acabei…
Desculpa, continua por favor!
Ontem, vivi numa pequena casa de caniço, vivia eu e os meus irmãos. Éramos muitos. Só um pai e duas mães. Aquela que era mesmo minha mãe, tinha mais 6 filhos mesmo dela, uma deficiente, a outra, que é mãe dos outros meus irmãos tinha 7 filhos e estava grávida, e também ela tinha uma filha deficiente. Como éramos tantos numa só casa de apenas 2 quartos e 1 cama, havia vezes em que eu e o meu mano íamos dormir em casa da minha tia…Porque estás com essa cara tão espantada? Pensas que eu era infeliz? Como poderia, com tantos vizinhos? éramos tantas crianças, brincávamos até tarde na areia, fazíamos papagaios com sacos de plástico e campeonatos de tudo e de nada…
E então, o que aconteceu?
Um dia de muito calor, brincava na rua com os meus amigos, começamos a ouvir uns aviões que faziam barulhos estranhos…De repente, toda a gente à nossa volta corria! Ainda nos começamos a rir: Parecia que de um momento para o outro todos tinham medo dos aviões… Ficou tudo muito confuso, as pessoas gritavam, corriam, eu não percebia nada… Depois, deixei de ver os meus amigos e já nem sabia onde estava. Só me lembro de alguém me dar a mão e gritar para eu correr! Tentei perguntar porquê, mais tarde pareceu-me que um avião caía perto de mim…fiquei com medo e fugi…fugi muito…ainda mais que todos os outros…
Desde esse dia ficaste perdida…
Ya! Devo ter desmaiado, alguém me levou para o hospital… passei lá uns bons dias… ninguém apareceu para me buscar… costumava aparecer por lá um papá mulungo muito simpático, vinha visitar outras crianças, que falava e brincava muito comigo…Lá no hospital perceberam que ele gostava de mim e mandaram-no levar-me! Fui até casa dele, lá viviam muitas pessoas, algumas já grandes…éramos cerca de 100! O papá mulungo era muito amigo de todos! Mas as titias… não faziam nada do que ele pedia… Lá viviam pessoas muito especiais…meninos sem mamã, sem papá, meninos doentes, mamãs doentes, vovós abandonadas e muito magrinhas… Já te contei que tinha duas manas deficientes? Nesta casa, viviam tantas crianças deficientes e tão mal cuidadas! Passavam os dias ao sol, com moscas na boca, sem ninguém para lhes mudar a fralda! Eu ficava tão triste! Decidi que tinha que fugir dali…Tinha pena de deixar o papá que era tão meu amigo…mas se eu ficasse ali morria de tristeza!
Fugiste?
Mais ou menos… o papá um dia veio ter comigo, tinha uns olhos muito tristes…disse-me que gostava muito de mim… mas que eu não podia ficar mais ali com ele…Vi-o tão triste, que nem consegui mostrar-lhe o quanto essa notícia aliviava o meu coração… mas ele deve ter percebido que eu gostara da notícia e sorriu… vai se bom para ti… disse-me sorrindo!
E pronto, despedimo-nos com um abraço muito apertado… acho que nunca ninguém me abraçara assim, aquele momento, aquele abraço ainda permanece comigo… sempre que estou aborrecida com alguma coisa, é nele que penso… e fico melhor!
Posso dizer que esse papá é o teu Anjo da Guarda?
Não sei o que isso será, mas parece-me simpático, sim, podes dizer…
Olha lá, já agora, posso saber o teu nome?
Não tenho um que seja meu… Sou… uma Menina Moçambicana!
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